sexta-feira, 30 de março de 2012
Leituras da VI Semana da Quaresma
Leitura I
(Is. 50, 4-7)
Leitura do Livro de Isaías
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.
SALMO RESPONSORIAL Sal. 21 (22)
Refrão: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?
Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo».
Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos. Refrão
Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.
Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.
LEITURA II
(Filip 2, 6-11)
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Evangelho
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimose os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam maneira de se apoderarem de Jesus à traição para Lhe darem a morte. Mas diziam:
R «Durante a festa, não,
para que não haja algum tumulto entre o povo».
N Jesus encontrava-Se em Betânia,
em casa de Simão o Leproso,
e, estando à mesa,
veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro
com perfume de nardo puro de alto preço.
Partiu o vaso de alabastro
e derramou-o sobre a cabeça de Jesus.
Alguns indignaram-se e diziam entre si:
R «Para que foi esse desperdício de perfume?
Podia vender-se por mais de duzentos denários
e dar o dinheiro aos pobres».
N E censuravam a mulher com aspereza.
Mas Jesus disse:
J «Deixai-a. Porque estais a importuná-la?
Ela fez uma boa acção para comigo.
Na verdade, sempre tereis os pobres convosco
e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem;
mas a Mim, nem sempre Me tereis.
Ela fez o que estava ao seu alcance:
ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura.
Em verdade vos digo:
Onde quer que se proclamar o Evangelho,
pelo mundo inteiro,
dir-se-á também em sua memória o que ela fez».
N Então, Judas Iscariotes, um dos Doze,
foi ter com os príncipes dos sacerdotes
para lhes entregar Jesus.
Quando o ouviram, alegraram-se
e prometeram dar-lhe dinheiro.
E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
N No primeiro dia dos Ázimos,
em que se imolava o cordeiro pascal,
os discípulos perguntaram a Jesus:
R «Onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?».
N Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:
J «Ide à cidade.
Virá ao vosso encontro um homem
com uma bilha de água.
Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa:
‘O Mestre pergunta: Onde está a sala,
em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’.
Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior,
alcatifada e pronta.
Preparai-nos lá o que é preciso».
N Os discípulos partiram e foram à cidade.
Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito
e prepararam a Páscoa.
Ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze.
Enquanto estavam à mesa e comiam,
Jesus disse:
J «Em verdade vos digo:
Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».
N Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:
R «Serei eu?».
N Jesus respondeu-lhes:
J «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato.
O Filho do homem vai partir,
como está escrito a seu respeito,
mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído!
Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».
N Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,
recitou a bênção e partiu-o,
deu-o aos discípulos e disse:
J «Tomai: isto é o meu Corpo».
N Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho.
E todos beberam dele.
Disse Jesus:
J «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança,
derramado pela multidão dos homens.
Em verdade vos digo:
Não voltarei a beber do fruto da videira,
até ao dia em que beberei do vinho novo
no reino de Deus».
N Cantaram os salmos e saíram para o monte das Oliveiras.
N Disse-lhes Jesus:
J «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’.
Mas depois de ressuscitar,
irei à vossa frente para a Galileia».
N Disse-Lhe Pedro:
R «Embora todos Te abandonem, eu não».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo:
Hoje, esta mesma noite, antes de o galo cantar
duas vezes, três vezes Me negarás».
N Mas Pedro continuava a insistir:
R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N E todos afirmaram o mesmo.
Entretanto, chegaram a uma propriedade
chamada Getsémani
e Jesus disse aos seus discípulos:
J «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».
N Tomou consigo Pedro, Tiago e João
e começou a sentir pavor e angústia.
Disse-lhes então:
J «A minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai».
N Adiantando-Se um pouco, caiu por terra
e orou para que, se fosse possível,
se afastasse d’Ele aquela hora.
Jesus dizia:
J «Abá, Pai, tudo Te é possível:
afasta de Mim este cálice.
Contudo, não se faça o que Eu quero,
mas o que Tu queres».
N Depois, foi ter com os discípulos,
encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
J «Simão, estás a dormir?
Não pudeste vigiar uma hora?
Vigiai e orai, para não entrardes em tentação.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N Afastou-Se de novo e orou,
dizendo as mesmas palavras.
Voltou novamente e encontrou-os dormindo,
porque tinham os olhos pesados
e não sabiam que responder.
Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai...
Chegou a hora: o Filho do homem
vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos. Vamos.
Já se aproxima aquele que Me vai entregar».
N Ainda Jesus estava a falar,
quando apareceu Judas, um dos Doze,
e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,
enviada pelos príncipes dos sacerdotes,
pelos escribas e os anciãos.
O traidor tinha-lhes dado este sinal:
«Aquele que eu beijar, é esse mesmo.
Prendei-O e levai-O bem seguro».
Logo que chegou, aproximou-se de Jesus
e beijou-O, dizendo:
R «Mestre».
N Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O.
Um dos presentes puxou da espada
e feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha.
Jesus tomou a palavra e disse-lhes:
J «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender,
como se fosse um salteador.
Todos os dias Eu estava no meio de vós,
a ensinar no templo,
e não Me prendestes!
Mas é para se cumprirem as Escrituras».
N Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos.
Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol.
Agarraram-no, mas ele, largando o lençol,
fugiu nu.
N Levaram então Jesus à presença
do sumo sacerdote,
onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes,
os anciãos e os escribas.
Pedro, que O seguira de longe,
até ao interior do palácio do sumo sacerdote,
estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes
e todo o Sinédrio
procuravam um testemunho contra Jesus
para Lhe dar a morte,
mas não o encontravam.
Muitos testemunhavam falsamente contra Ele,
mas os seus depoimentos não eram concordes.
Levantaram-se então alguns,
para proferir contra Ele este falso testemunho:
R «Ouvimo-l’O dizer:
‘Destruirei este templo feito pelos homens
e em três dias construirei outro
que não será feito pelos homens’».
N Mas nem assim o depoimento deles era concorde.
Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos
e perguntou a Jesus:
R «Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?».
N Mas Jesus continuava calado e nada respondeu.
O sumo sacerdote voltou a interrogá-l’O:
R «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?».
N Jesus respondeu:
J «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem
sentado à direita do Todo-poderoso
vir sobre as nuvens do céu».
N O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:
R «Que necessidade temos ainda de testemunhas?
Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?».
N Todos sentenciaram que Jesus era réu de morte.
Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe,
a tapar-Lhe o rosto com um véu
e a dar-Lhe punhadas, dizendo:
R «Adivinha».
N E os guardas davam-Lhe bofetadas.
Pedro estava em baixo, no pátio,
quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote.
Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe:
R «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno».
N Mas ele negou:
R «Não sei nem entendo o que dizes».
N Depois saiu para o vestíbulo e o galo cantou.
A criada, vendo-o de novo,
começou a dizer aos presentes:
R «Este é um deles».
N Mas ele negou segunda vez.
Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:
R «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».
N Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar:
R «Não conheço esse homem de quem falais».
N E logo o galo cantou pela segunda vez.
Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito:
«Antes de o galo cantar duas vezes,
três vezes Me negarás».
E desatou a chorar.
N Logo de manhã,
os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho
com os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio.
Depois de terem manietado Jesus,
foram entregá-l’O a Pilatos.
Pilatos perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N E os príncipes dos sacerdotes
faziam muitas acusações contra Ele.
Pilatos interrogou-O de novo:
R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas
Te acusam».
N Mas Jesus nada respondeu,
de modo que Pilatos estava admirado.
Pela festa da Páscoa,
Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.
Havia um, chamado Barrabás,
preso com os insurrectos
que numa revolta tinham cometido um assassínio.
A multidão, subindo,
começou a pedir o que era costume conceder-lhes.
Pilatos respondeu:
R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».
N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes
O tinham entregado por inveja.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes
incitaram a multidão
a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.
Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:
R «Então que hei-de fazer d’Aquele
que chamais o Rei dos judeus?».
N Eles gritaram de novo:
R «Crucifica-O!».
N Pilatos insistiu:
R «Que mal fez Ele?».
N Mas eles gritaram ainda mais:
R «Crucifica-O!».
N Então Pilatos, querendo contentar a multidão,
soltou-lhes Barrabás
e, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-O para ser crucificado.
Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio,
que era o pretório, e convocaram toda a coorte.
Revestiram-n’O com um manto de púrpura
e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos
que haviam tecido. Depois começaram a saudá-l’O:
R «Salve, Rei dos judeus!».
N Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe
e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto de púrpura
e vestiram-Lhe as suas roupas.
Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.
N Requisitaram, para Lhe levar a cruz,
um homem que passava, vindo do campo,
Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo.
E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,
quer dizer, lugar do Calvário.
Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra,
mas Ele não o quis beber. Depois crucificaram-n’O.
E repartiram entre si as suas vestes,
tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.
Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.
O letreiro que indicava a causa da condenação
tinha escrito: «Rei dos Judeus».
Crucificaram com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes e os escribas
troçavam uns com os outros, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz,
para nós vermos e acreditarmos».
N Até os que estavam crucificados com Ele O injuriavam.
Quando chegou o meio-dia,
as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde.
E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eloí, Eloí, lemá sabactáni?».
N Que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R «Está a chamar por Elias».
N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre
e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse:
R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».
N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.
O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.
O centurião que estava em frente de Jesus,
ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:
R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».
N Estavam também ali umas mulheres a observar de longe,
entre elas Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé,
que acompanhavam e serviam Jesus,
quando estava na Galileia,
e muitas outras que tinham subido com Ele a Jerusalém.
Ao cair da tarde
– visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado –
José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio,
que também esperava o reino de Deus,
foi corajosamente à presença de Pilatos
e pediu-lhe o corpo de Jesus.
Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto
e, mandando chamar o centurião,
perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido.
Informado pelo centurião,
ordenou que o corpo fosse entregue a José.
José comprou um lençol,
desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol;
depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha
e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.
Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José,
observavam onde Jesus tinha sido depositado.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Bento XVI no México e em Cuba
Discurso de boas vindas
Silao, Aeroporto Internacional de Guanajuato
23.3.2012
«A confiança em Deus dá-nos a certeza de O encontrar e receber a sua graça, e nisto assenta a esperança de quem crê. E, ciente disto, o fiel esforça-se também por transformar as estruturas e os acontecimentos menos benignos da hora presente, que parecem imutáveis e invencíveis, ajudando quem não encontra sentido nem futuro na vida. Sim, a esperança muda, efetivamente, a existência concreta de cada homem e de cada mulher.»
Bento XVI chega ao México
«Na sua aceção primária, a caridade é simplesmente a resposta àquilo que, numa determinada situação, constitui a necessidade imediata tal como socorrer quem padece fome, carece de abrigo, está doente ou necessitado em qualquer vertente da sua vida. Ninguém fica excluído, por causa da sua origem ou das suas convicções, desta missão da Igreja, a qual não entra em competição com outras iniciativas privadas ou públicas, antes, pelo contrário, colabora de bom grado com quem persegue estes mesmos fins. Nada mais pretende senão fazer, de maneira desinteressada e respeitadora, o bem ao necessitado, a quem tantas vezes o que mais falta é precisamente uma prova de amor autêntico.»
Bento XVI reza diante da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México, no Colégio de Miraflores, em León (AP Photo)
Encontro com as crianças
Guanajuato, Praça da Paz
24.3.2012
«Queridas crianças, estou contente por vos poder encontrar, vendo os vossos rostos encher de alegria esta linda praça. Vós ocupais um lugar muito importante no coração do Papa; e isto mesmo queria que o soubessem todas as crianças do México, neste momento, particularmente as que suportam o peso do sofrimento, o abandono, a violência ou a fome, que nestes meses, por causa da seca, se fez sentir intensamente nalgumas regiões.»
Guanajuato (Reuters Pictures)
«Vós, meus amiguinhos, não estais sozinhos. Contai com a ajuda de Cristo e da sua Igreja, para levardes uma vida de estilo cristão. Participai na Missa dominical, na catequese, em algum grupo de apostolado, procurando lugares de oração, fraternidade e caridade. Assim fizeram os Beatos Cristóvão, António e João, os meninos mártires de Tlaxcala, que, tendo conhecido Jesus no tempo da primeira evangelização do México, descobriram que não havia maior tesouro do que Ele. Eram crianças como vós, e deles podemos aprender que, para amar e servir, não há idade.»
Chegada de Bento XVI a Guanajuato (Reuters Pictures)
«Bem gostava de ficar mais tempo convosco, mas tenho de partir. Continuaremos unidos na oração. Por isso, convido-vos a não deixardes de rezar, mesmo em casa; assim experimentareis a alegria de falar com Deus em família. Rezai por todos; por mim também. Eu rezarei por vós, para que o México seja um lar onde todos os seus filhos vivam com serenidade e harmonia.»
Bento XVI dirige-se às crianças em Guanajuato (Reuters Pictures)
Missa
León, Parque Expo Bicentenário
25.3.2012
«As coroas que O acompanham [Cristo Rei] – uma de soberano e outra de espinhos –, indicam que a sua realeza não é como muitos a entenderam e entendem. O seu reino não consiste no poder dos seus exércitos submeterem os outros pela força ou pela violência; funda-se num poder maior, que conquista os corações: o amor de Deus, que Ele trouxe ao mundo com o seu sacrifício, e a verdade de que deu testemunho. Este é o seu domínio, que ninguém Lhe poderá tirar e que ninguém deve esquecer.»
Antes do início da missa no Parque Bicentenário (AP Photo)
«Também aqui se deve superar o cansaço da fé e recuperar «a alegria de ser cristão, o ser sustentado pela felicidade interior de conhecer Cristo e pertencer à sua Igreja. E desta alegria nascem também as energias para servir Cristo nas situações opressivas de sofrimento humano, para se colocar à sua disposição em vez de acomodar-se no próprio bem-estar.»
Bento XVI com o Livro dos Evangelhos na missa celebrada no Parque do Bicentenário (AP Photo)
Recitação do Angelus
Léon, Parque Expo Bicentenário
5.º Domingo de Quaresma , 25.3.2012
«Neste tempo em que tantas famílias se encontram divididas ou forçadas a emigrar, quando muitas sofrem por causa da pobreza, da corrupção, da violência doméstica, do narcotráfico, da crise de valores ou da criminalidade, recorramos a Maria à procura de conforto, fortaleza e esperança. É a Mãe do verdadeiro Deus, que nos convida a permanecer à sua sombra pela fé e a caridade, para deste modo superarmos todo o mal e instaurarmos uma sociedade mais justa e solidária.»
Bento XVI abençoa bebé à chegada ao Parque do Bicentenário (AP Photo)
«Em tempos de tribulação e sofrimento, Ela [Virgem] foi invocada por tantos mártires que, ao grito «Viva Cristo Rei e Maria de Guadalupe», deram testemunho de inquebrantável fidelidade ao Evangelho e entrega à Igreja. Agora, suplico-Lhe que a sua presença nesta querida nação continue a ser apelo ao respeito, defesa e promoção da vida humana e à consolidação da fraternidade, evitando a vingança inútil e desterrando o ódio que divide.
Parque do Bicentenário (Reuters Pictures)
Celebração das Vésperas com os bispos do México e da América Latina
León, Catedral de Nossa Senhora da Luz
25.3.2012
«Ao ver espelhadas em vossos rostos as preocupações pela grei que apascentais, vêm-me à mente as Assembleias do Sínodo dos Bispos quando os participantes aplaudem a intervenção de alguém que exerce o seu ministério em situações particularmente dolorosas para a vida e a missão da Igreja. Este gesto brota da fé no Senhor, significando fraternidade nos trabalhos apostólicos, bem como gratidão e admiração pelos que semeiam o Evangelho entre espinhos, uns sob a forma de perseguição, outros sob a forma de marginalização ou desprezo. E não faltam preocupações também pela carência de meios e recursos humanos ou com as limitações impostas à liberdade da Igreja no cumprimento da sua missão.»
Parque do Bicentenário (Reuters Pictures)
«A fé católica marcou significativamente a vida, os costumes e a história deste Continente, onde muitas das suas nações estão a comemorar o bicentenário da independência. É um momento histórico sobre o qual continua a brilhar o nome de Cristo, trazido para aqui por insignes e generosos missionários, que O proclamaram com coragem e sabedoria. Eles arriscaram tudo por Cristo, mostrando que o homem encontra n’Ele a sua consistência e a força necessária para viver em plenitude e edificar uma sociedade digna do ser humano, como o quis o seu Criador. O ideal de não antepor nada ao Senhor e de fazer com que a Palavra de Deus chegue a todos, valendo-se das características próprias de cada um e das suas melhores tradições, continua a ser uma válida orientação para os Pastores de hoje.»
Parque do Bicentenário (AP Photo)
«Uma atenção cada vez mais especial é devida aos leigos mais comprometidos na catequese, na animação litúrgica, na ação caritativa e no compromisso social. A sua formação na fé é crucial para tornar presente e fecundo o Evangelho na sociedade atual. E não é justo que se sintam tratados como quem pouco conta na Igreja, apesar do entusiasmo que sentem em trabalhar nela segundo a sua vocação própria, e o grande sacrifício que às vezes lhes requer esta dedicação. Em tudo isto, é particularmente importante para os Pastores que reine um espírito de comunhão entre sacerdotes, religiosos e leigos, evitando divisões estéreis, críticas e suspeitas nocivas.»
Parque do Bicentenário (AP Photo)
«Convido-vos a ser sentinelas que proclamam dia e noite a glória de Deus, que é a vida do homem. Estai do lado de quem é marginalizado pela violência, pelo poder ou por uma riqueza que ignora quem carece de quase tudo. A Igreja não pode separar o louvor de Deus do serviço aos homens. O único Deus Pai e Criador é que nos constituiu irmãos: ser homem é ser irmão e guardião do próximo. Neste caminho com toda a humanidade, a Igreja deve reviver e atualizar o que foi Jesus: o Bom Samaritano que, vindo de longe, se integrou na história dos homens, nos levantou e se prodigalizou pela nossa cura. »
Celebração de Vésperas com os bispos do México e da América Latina na catedral de León (Reuters Pictures)
Improviso diante do Colégio Miraflores
25.3.2012
«Sinto-me muito feliz por estar convosco. Fiz muitas viagens, mas nunca fui recebido com tanto entusiasmo. Levarei comigo, no meu coração, as impressões destes dias. O México estará sempre no meu coração. Posso dizer que desde há anos que rezo todos os dias pelo México, mas no futuro, rezarei ainda muito mais. Agora posso entender porque o Papa João Paulo II disse: “Sinto-me um Papa mexicano!”»
Bento XVI ajoelha-se diante da imagem de Cristo Rei, na catedral de León (AP Photo)
Cerimónia de despedida
Guanajuato, Aeroporto Internacional
26.3.2012
«Exorto ardentemente os católicos mexicanos e todos os homens e mulheres de boa vontade a não cederem à mentalidade utilitarista, que acaba sempre por sacrificar os mais frágeis e indefesos. Convido-os a um esforço solidário, que permita à sociedade renovar-se a partir dos seus alicerces para alcançar um vida digna, justa e pacífica para todos. Para os católicos, esta contribuição para o bem comum é uma exigência também daquela dimensão essencial do Evangelho que é a promoção humana e uma sublime manifestação da caridade. Por isso a Igreja exorta todos os seus fiéis a serem também bons cidadãos, conscientes da responsabilidade que têm de se preocupar com o bem dos outros, de todos, tanto na esfera pessoal como nos diversos setores da sociedade.»
Cerimónia de despedida no aeroporto de Guanajuato (AP Photo)
Cerimónia de boas vindas
Santiago de Cuba, Aeroporto Internacional Antonio Maceo
26.3.2012
Bento XVI em Santiago de Cuba (AP Photo)
«Não posso deixar de lembrar a histórica visita a Cuba do meu predecessor, o Beato João Paulo II, que deixou uma marca indelével na alma dos cubanos. O seu exemplo e os seus ensinamentos constituem uma guia luminosa para muitos, crentes ou não, que os orienta tanto na vida pessoal como na atuação pública ao serviço do bem comum da Nação. De fato, a sua passagem pela Ilha foi uma espécie de brisa suave de fresca aragem que deu novo vigor à Igreja em Cuba, despertando em muitas pessoas uma renovada consciência da importância da fé e encorajando a abrir os corações a Cristo, ao mesmo tempo que reacendeu a esperança e revigorou o desejo de trabalhar corajosamente por um futuro melhor. Um dos frutos importantes daquela visita foi a inauguração duma nova etapa nas relações entre a Igreja e o Estado cubano caracterizada por um espírito de maior colaboração e confiança, embora permaneçam ainda muitos aspetos em que se pode e deve avançar, especialmente no que diz respeito à contribuição imprescindível que a religião é chamada a prestar no âmbito público da sociedade.»
Bento XVI saúda religiosa da congregação das Missionárias da Caridade durante a visita ao Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, Santiago de Cuba (AP Photo)
«Vai ganhando cada vez mais espaço, no coração e na mente de muitas pessoas, a certeza de que a regeneração das sociedades e do mundo exige homens retos e de firmes convicções morais e altos valores de fundo que não sejam manipuláveis por interesses limitados mas correspondam à natureza imutável e transcendente do ser humano.»
Bento XI em Santiago de Cuba (Reuters Pictures)
Missa por ocasião do 400.º aniversário da descoberta da imagem da Virgem da Caridade do Cobre
Santiago de Cuba, Praça Antonio Maceo
26.3.2012
«Amados irmãos, sei com quanto esforço, coragem e dedicação trabalhais dia a dia para que a Igreja, nas circunstâncias concretas do vosso País e neste período da história, manifeste o seu verdadeiro rosto como lugar onde Deus Se aproxima dos homens e Se encontra com eles. A Igreja, corpo vivo de Cristo, tem a missão de prolongar na terra a presença salvadora de Deus, de abrir o mundo para algo maior do que ele mesmo, ou seja, para o amor e a luz de Deus.»
Fiéis aguardam pelo início da missa na Praça Antonio Maceo, Santiago de Cuba (Reuters Pictures)
«Vale a pena, amados irmãos, dedicar toda a vida a Cristo, crescer cada dia na sua amizade e sentir-se chamado a anunciar a beleza e a bondade da própria vida a todos os homens, nossos irmãos. Encorajo-vos na vossa tarefa de semear no mundo a palavra de Deus e oferecer a todos o verdadeiro alimento que é o corpo de Cristo. Com a Páscoa já próxima, decidamo-nos, sem medos nem complexos, a seguir Jesus no seu caminho para a cruz. Aceitemos com paciência e fé qualquer contrariedade ou aflição, convictos de que Ele, com a sua ressurreição, venceu o poder do mal, que tudo obscurece, e fez amanhecer um mundo novo, o mundo de Deus, da luz, da verdade e da alegria.»
Santiago de Cuba (AP Photo)
Visita ao Santuário da Virgem da Caridade do Cobre
Santiago de Cuba
27.3.2012
«Diante de Nossa Senhora da Caridade, lembrei-me também e de modo particular dos cubanos descendentes daqueles que para aqui vieram trazidos da África, assim como da população do vizinho Haiti, que sofre ainda as consequências do conhecido terremoto de dois anos atrás. E não esqueci tantos agricultores e suas famílias, que desejam viver intensamente nos seus lares o Evangelho e oferecem também as suas casas como centros de missão para a celebração da Eucaristia.»
Bento XVI reza no Santuário da Virgem da Caridade do Cobre (Reuters Pictures)
Missa
Havana, Praça da Revolução José Martí
28.3.2012
«A verdade sobre o homem é um pressuposto imprescindível para alcançar a liberdade, porque nela descobrimos os fundamentos duma ética com que todos se podem confrontar, e que contém formulações claras e precisas sobre a vida e a morte, os deveres e direitos, o matrimónio, a família e a sociedade, enfim sobre a dignidade inviolável do ser humano. É este património ético que pode aproximar todas as culturas, povos e religiões, as autoridades e os cidadãos, os cidadãos entre si, os crentes em Cristo com aqueles que não creem n’Ele.
Ao ressaltar os valores que sustentam a ética, o cristianismo não impõe mas propõe o convite de Cristo para conhecer a verdade que nos torna livres. O fiel é chamado a dirigir este convite aos seus contemporâneos, como fez o Senhor, mesmo perante o sombrio presságio da rejeição e da Cruz. O encontro pessoal com Aquele que é a verdade em pessoa impele-nos a partilhar este tesouro com os outros, especialmente através do testemunho.»
Bento XVI chega à Praça da Revolução, em Havana (AP Photo)
«A Igreja vive para partilhar com os outros a única coisa que possui: o próprio Cristo, esperança da glória (cf. Col 1, 27). Para realizar esta tarefa, é essencial que ela possa contar com a liberdade religiosa, que consiste em poder proclamar e celebrar mesmo publicamente a fé, comunicando a mensagem de amor, reconciliação e paz que Jesus trouxe ao mundo. Há que reconhecer, com alegria, os passos que se têm realizado em Cuba para que a Igreja cumpra a sua irrenunciável missão de anunciar, publica e abertamente, a sua fé. Mas é preciso avançar ulteriormente. E desejo encorajar as instâncias governamentais da Nação a reforçarem aquilo que já foi alcançado e a prosseguirem por este caminho de genuíno serviço ao bem comum de toda a sociedade cubana.»
Bento XVI diante da imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira de Cuba, antes do início da missa em Havana (Reuters Pictures)
«Esperemos que também aqui chegue brevemente o momento em que a Igreja possa levar aos diversos campos do saber os benefícios da missão que o seu Senhor lhe confiou e que ela não pode jamais negligenciar.»
Peregrinos aguardam o início da missa em Havana (AP Photo)
«Cuba e o mundo precisam de mudanças, mas estas só terão lugar se cada um estiver em condições de se interrogar acerca da verdade e se decidir a enveredar pelo caminho do amor, semeando reconciliação e fraternidade.»
Bento XVI cumprimenta o presidente de Cuba, Raul Castro, no fim da missa em Havana (Reuters Pictures)
Cerimónia de despedida
Havana, Aeroporto Internacional José Martí
28.3.2012
«Agradeço ao Senhor Presidente e demais autoridades do País a solicitude e generosa colaboração prestada para o bom andamento desta viagem. Exprimo a minha viva gratidão também aos membros da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba, que não pouparam esforços nem sacrifícios para o mesmo fim, e a quantos de variados modos deram a sua contribuição, especialmente com a oração.»
Bento XVI a caminho do aeroporto de Havana (Reuters Pictures)
«O caminho que Cristo propõe à humanidade – e a cada pessoa e povo, em particular – em nada a tolhe, antes pelo contrário, é o fator primeiro e principal do seu verdadeiro progresso. Que a luz do Senhor, que brilhou fulgurantemente nestes dias, não se apague naqueles que a acolheram e ajude a todos a reforçarem a concórdia e a fazerem frutificar o melhor da alma cubana, os seus valores mais nobres, sobre os quais é possível fundar uma sociedade de largos horizontes, renovada e reconciliada. Que ninguém se veja impedido de tomar parte nesta tarefa apaixonante pela limitação das suas liberdades fundamentais, nem eximido dela por negligência ou carência de recursos materiais; situação esta, que fica agravada quando medidas económicas restritivas impostas de fora ao País pesam negativamente sobre a população.»
Bento XVI com Fidel Castro na Nunciatura Apostólica em Havana (AP Photo)
«Concluo aqui a minha peregrinação, mas continuarei a rezar fervorosamente para que sigais em frente e Cuba seja a casa de todos e para todos os cubanos, onde convivam a justiça e a liberdade, num clima de serena fraternidade. O respeito e a promoção da liberdade que vive no coração de cada homem são imprescindíveis para responder adequadamente às exigências fundamentais da sua dignidade e, assim, construir uma sociedade onde cada um se sinta protagonista indispensável do futuro da sua vida, da sua família e da sua pátria.»
Imagem de Bento XVI projetada na catedral de Havana (AP Photo)
quarta-feira, 28 de março de 2012
Domingo de Ramos - Dia mundial da juventude
Tu também és desafiado a participar se possível...
Fica aqui o convite do Sr. Patriarca
Fica aqui o Cartaz/programa
O Papa pelo México
Bento XVI iniciou esta sexta-feira um percurso de 22 mil km que nos próximos dias o levará ao México e a Cuba.
Após uma viagem de 14 horas o papa chegou às 16h30 locais ao aeroporto de Guanajuato, no México.
As imagens testemunham os primeiros passos de Bento XVI no segundo país com mais católicos no mundo, a seguir ao Brasil.
Depois dos discursos do presidente mexicano e do papa seguiu-se a troca de cumprimentos com autoridades civis e eclesiásticas e um espetáculo de dança e cantares tradicionais.
De seguida Bento XVI aproximou-se das crianças presentes para as saudar.
Discurso do presidente do México, Felipe Calderón, no aeroporto
Primeiro discurso de Bento XVI